UM BOM LÍDER NÃO FAZ NADA, MAS NÃO DEIXA NADA SEM SER FEITO

UM BOM LÍDER NÃO FAZ NADA, MAS NÃO DEIXA NADA SEM SER FEITO

Claudiney Fullmann

Veja um maestro. Enquanto rege não toca nenhum instrumento, exceção feita a Johann Strauss e André Rieu que regeu e rege solando seus violinos. O instrumento permite manter a visão da orquestra e o arco substitui a batuta. Difícil imaginar alguém regendo e tocando tuba.

Um líder deve ser com um maestro.

O maestro, regente ou condutor de um grupo musical, a frente de uma orquestra sinfônica com diversos instrumentos executados por especialistas, chegando a ter 150 hábeis e heterogêneos músicos, assegura harmonia, cadência, marcação do tempo, para um andamento justo. Possui domínio da partitura, percepção sonora apurada, conhecimento e compreensão do estilo, comunicação gestual e às vezes facial.

Com sua mão direita segura a batuta para mostrar o compasso e a velocidade da execução de uma obra. Com a mão esquerda indica a amplitude que a obra deve exprimir – mais suaves ou mais fortes. Sua expressão facial também pode envolver os músicos. Um ícone da maestria foi o alemão Herbert von Karajan que tocava piano desde seus quatro anos de idade, chegava a fechar os olhos para reger expressando o sentimento que o autor queria envolver. Conhecia a partitura de cor e obtinha homogeneidade com um grupo distinto.

Para “fazer acontecer” um maestro escolhe o repertório, estuda e analisa as partituras, ensaia os músicos e prepara os concertos.

O que há de diferente nos líderes?

A música é outra e o que conta são os resultados. O líder rege um grupo de profissionais competentes que escolheu, define suas metas e assegura a harmonia da equipe. Sempre atento aos desempenhos de cada membro, os ensaia, treina, corrige, estimula e elogia com simples gestos. O sucesso depende da atividade de cada um e do conjunto. Mesmo que tenha sido especialista em algum assunto, para extrair o máximo do grupo ele deixa de ser especialista para ser o líder, o condutor, o maestro.

É clássico o erro em se transformar o melhor especialista em chefe, só porque ele conhece melhor o trabalho. Perde-se um bom especialista e se ganha um mau chefe. Ele não foi treinado para ser líder, e algumas vezes só aceita o novo cargo de gestor para ganhar mais, não porque gosta ou quer assumir as responsabilidades de um líder. Nunca me esqueço do caso de um excepcional engenheiro de minha equipe que eu queria promove-lo para supervisão do grupo em que trabalhava, por necessidade de ampliar o quadro devido a aumento de demanda. De jeito nenhum, respondeu-me ele: “Prefiro continuar fazendo os cálculos complexos de um novo motor de tração do que ficar controlando trabalho dos outros, justificar faltas, ouvir insatisfações e reclamações de salário.” Reconhecida sua honestidade foi quando criada a Carreira Y para que um especialista ganhasse tanto quanto um gerente.

Pode ser que existam alguns líderes natos, mas podemos desenvolver pessoas que possuam caráter e comportamento adequados para lidar com pessoas. Existem inúmeras qualificações de liderança, mas para se ter um ser humano especial, capaz de levar multidões a novos rumos é preciso desenvolvimento e dedicação para ser um líder global que tenha sensibilidade para lidar com gente e objetividade para obter resultados.

Um bom líder, admirado e atuante, deve estar disponível para orientar e ouvir até problemas pessoais de seus liderados. Seu tempo deve ser dedicado à supervisão como de um maestro, não para estar sempre ocupado com afazeres que não delega e até leva para casa.

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