Descrição

Welch & Eu
Uma Experiência de Gestão e Liderança
de Claudiney Fullmann

Capítulo 1 – QUEM FOI JACK WELCH
Capítulo 2 – QUEM SOU EU
Capítulo 3 – PARQUE INDUSTRIAL CAMPINAS
Capítulo 4 – MEU CONVÍVIO COM JACK WELCH
Capítulo 5 – CONCEITOS DE WELCH
Capítulo 6 – CONCEITOS DE FULLMANN
Capítulo 7 – CHECK-UP EMPRESARIAL
Capítulo 8 – RETOMADA DO CRESCIMENTO PELO TRABALHO
Capítulo 9 – A IMPORTÂNCIA DE MENTORES
Capítulo 10 – COLEGAS DE JORNADA
Conclusão
Sobre o autor
Contatos com o autor
Bibliografia
Editora Preparando

 

Prefácio

Estava ministrando uma apresentação, em uma conferência para palestrantes, e me chamou a atenção a presença de um senhor de mais idade, carequinha, sorridente, sentado na primeira fileira. No intervalo do almoço, lá estava ele sentado na minha mesa, compartilhada por outros professores e participantes.

Inevitavelmente, o carisma daquele “simpático jovem” captou a minha completa atenção.

Descobri que ele havia sido executivo de muitas grandes empresas e multinacionais, e, também, havia trabalhado como professor universitário nas mais nobres instituições de ensino do Brasil. Descobri que um livro de autoria dele equivalia a 4 livros meus, em número de páginas. Diante daquele currículo impecável, perguntei-lhe: “Com uma vasta experiência como essa, gostaria de saber, o que o senhor está fazendo aqui?”.

Ele, prontamente, explicou: “Já estou aposentado, há alguns anos, e, em um belo dia, enquanto tirava uma soneca na rede, no meu sítio, em Jarinu, ouvi as seguintes palavras: ‘Não foi para isso que eu te dei todo o seu conhecimento e experiência, para ficar aí deitado nesta rede!’.  Então, acordei rapidamente e olhei ao meu redor, para descobrir quem estava falando comigo. Depois de vasculhar, de um lado ao outro, percebi que estava sozinho. Só ouvia o som dos passarinhos e sentia a brisa fresca no meu rosto”.

Ele continuou: “Naquele momento, percebi que Deus havia falado comigo. Entendi que, diante de todas as experiências vividas e conhecimentos adquiridos, ainda não era a hora de parar. Eu ainda tinha muito para contribuir com o mundo, mesmo com 78 anos de idade. Então, pensei em, como poderia transmitir toda essa bagagem para pessoas interessadas no que tenho para compartilhar. Naquele instante, pensei: Preciso retornar à atividade de palestrante! E, por isso, estou participando deste treinamento!”.

Fiquei encantado em ouvir aquela linda história. Porém, o que aconteceu, a seguir, me impactou mais ainda. Alguns dias depois da conferência, recebo um telefonema deste “futuro palestrante septuagenário”, dizendo: “Meu caro, a conferência foi ótima. Aprendi muito! Gostaria de lhe pedir um favor: Você poderia ser o meu mentor para que eu possa retornar ao mundo das palestras?”.

Foi dessa maneira que eu tive o privilégio de conhecer o renomado Claudiney Fullmann. Desde então, nossas vidas e propósitos se conectaram. Começamos um relacionamento profissional que logo foi promovido para uma amizade excepcional, de crescimento e edificação mútua.

Escrevemos um livro juntos, palestramos juntos em um dos maiores palcos do Brasil, no Palácio do Anhembi, em São Paulo, almoçamos e viajamos juntos e passamos a frequentar a casa um do outro. Em suma, ganhei um outro pai, e ele, um filho.

Durante a pandemia, em uma de nossas conversas, desafiei meu amigo a escrever um novo livro, relatando todas as experiências de gestão e liderança que ele teve em sua brilhante carreira, especialmente, enquanto foi o Vice-Presidente e Gerente Geral da GE, divisão de equipamentos pesados, no Brasil, trabalhando diretamente com Jack Welch, o inovador CEO da GE mundial.

Semanas depois, ele aceitou o desafio de documentar esses anos dourados em uma das empresas que mais cresceu no mundo, debaixo da tutela de Welch. Foi aí que surgiu o nome do título: “Welch e eu”. Poucos foram aqueles que tiveram acesso a tantas oportunidades de vivência junto à cúpula tão revolucionária, como foi a da GE, nas últimas décadas do século passado.

Conversando com alguns amigos sobre este projeto, eles disseram: “O Welch, só conheço de ouvir falar ou através de livros. O Fullmann, é um dos melhores… um dos nossos!”.

Neste livro, você vai conhecer detalhes da vida, carreira e segredos de liderança, tanto de Welch como de Fullmann. Ambos foram protagonistas no mercado de trabalho, tanto nos Estados Unidos, como no Brasil.

Espero que a leitura desta magnífica obra literária seja de grande instrução e inspiração na sua vida, trabalho e negócios. Inspirado nesta obra, quem sabe, terei o privilégio de escrever, no futuro, um livro intitulado: “Fullmann e eu”.

Um grande abraço, boa leitura e muito sucesso!

Mário K. Simões

Escritor, Mentor e Palestrante Internacional.

 

Introdução

 Good afternoon, Jack! Welcome to the Campinas plant!”. 

 Foram com essas palavras que recebi Jack Welch na fábrica da GE, em Campinas…

… Com proteção divina, comecei:

– Senhores, permitam-me apresentar-lhes dois cenários.

Depois de explanar-lhes os detalhes de cada um, mostrei-lhes a conclusão: Prejuízo de US$29 milhões para fechar a fábrica, ou prejuízo de US$ 3,2 milhões para manter a fábrica funcionando.

Welch olhando para seu staff e concluiu:

– O Fullmann já decidiu!
E, voltando-se para mim:
– Mantenha-a funcionando, mas reduza o prejuízo.

Aleluia! Que alívio temporário; agora, era tomar providências para baixar os 3.2 e retomar o crescimento, compensando os prejuízos futuros.

Passei a admirar ainda mais o Welch pela decisão rápida e assertiva, tal como se espera de um bom líder de poder. Ele soube tomar uma decisão, embasada em minha apresentação. Como líder, ele soube valorizar, analisar e delegar, além de torná-lo corresponsável pelos resultados.

Encerrada a reunião, fomos visitar a fábrica. O local impressionava, à primeira vista, pelo porte de seus equipamentos de usinagem pesada e pelas dimensões dos produtos de caldeiraria produzidos em uma vasta área.

Outro momento inesquecível foi durante a visita à fábrica, quando Welch se espantou ao ver a construção de 6 cascos de barcos de 95 pés de comprimento (mais de 30 metros) para transporte de passageiros, encomendados pela Intermarketing/Benimar. Para nós, foi uma oportunidade fantástica de ocupar parte da mão-de-obra especializada, momentaneamente ociosa.

– Fullmann, o que é isso?
– Iates!
– Mas a GE não fabrica Iates.
– Mas, em Campinas, fazemos essas embarcações com a tecnologia de um estaleiro italiano.
– Qual a responsabilidade da GE, se um barco desses afundar?
– Nós apenas soldamos as partes do casco e da estrutura com soldadores qualificados para solda de uso nuclear. (Já fabricamos também bases de turbinas para submarinos atômicos dos Estados Unidos). Nossa responsabilidade se limita à construção com projeto do cliente, que é supervisionado por ele mesmo.

Welch me fez vários outros questionamentos incisivos, mas eu respondi a todos eles com convicção.

Ele, então, fez a pergunta fatal:

– Você pediu autorização para alguém?

Hesitei um pouco (xii, me pegou!…).

– Não; e sei que se eu pedisse não me autorizariam!

Ele soltou uma gargalhada e subiu em um dos cascos.

Após curiosa inspeção, de volta para a sala de reuniões, me disse:

– Parabéns, Fullmann; você teve autoconfiança em assumir um desafio, tomou a decisão certa, com riscos pensados.

E, em tom jocoso, concluiu:

– Mas, da próxima vez, peça autorização.

Percebi que era em tom de brincadeira, por saber que ele buscava o empreendedorismo e comentava que queria que as decisões fossem delegadas, como descritas na Mensagem da Conferência Gerencial, de 1982, da qual não participei, por ainda não estar na empresa:

“Pretendemos aplicar estes conceitos – realidade, excelência e ‘ownership’ – a base para uma atmosfera operacional generalizada, na qual as pessoas ousarão experimentar coisas novas, onde sua própria criatividade e impulso determinarão a velocidade com que se movem. Do negócio principal revitalizado, ao negócio de crescimento mais recente, o resultado final será uma organização mais animada, mais adaptável e mais ágil do que empresas com uma fração de nosso tamanho”.

 

Passamos a ter uma relação de respeito e admiração mútuos.