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O Trabalho

Mais Resultado com Menos Esforço / Custo

Autor: Claudiney Fullmann
Prefaciador: Paulo Renato Souza (Secretário de Educação de SP e ex-ministro da Educação)
Editora: Educator
ISBN: 978-85-86586-32-3
Páginas: 568
Tamanho: 15,5 x 22,5 cm

Esta obra contribui para a geração de riqueza por meio da produtividade para assegurar o sucesso de empresas e pessoas. Produtividade e ganhos sustentáveis – estes são e devem ser os objetivos permanentes para os stakeholders. Destinada a gestores e profissionais interessados em se valer de filosofias e técnicas consagradas para aumentar a lucratividade de seus negócios e inserir-se no patamar de classe mundial.

Gerar riqueza por meio da produtividade é a verdade incontestável de ontem, hoje e sempre, para assegurar o sucesso de empresas e pessoas. A estratégia aqui abordada reúne um acúmulo de experiências consagradas ao longo de décadas, que ainda permanecem válidas e seguramente podem ser projetadas para o futuro. Nela prevalecem a vontade e a competência de lideranças sérias, éticas e comprometidas com os resultados.
O foco especial sobre um sistema de produção eficaz, flexível, ágil e inovador, com destaque para multifuncionalidade, mão-de-obra competente, padronização de operações, racionalização de métodos e processos, e um obcecado ataque a custos e desperdícios, são as palavras de ordem que o autor defende e revitaliza ao longo destas páginas. Produtividade e ganhos sustentáveis – estes são e devem ser os objetivos permanentes para os stakeholders.
São muitos os caminhos, alertas e soluções que este livro oferece, todos consistentes e comprovados, e não há como terminar sua leitura sem se sentir compelido a colocar em prática as técnicas e filosofias aqui apresentadas.
Um guia prático para:
Profissionais, professores e estudantes de Administração, Engenharia de Processos e Produção (e entusiastas da Engenharia Industrial), Gestores interessados em se valer de filosofias e técnicas consagradas para aumentar a lucratividade de seus negócios, Organizações (de qualquer tipo, pequenas ou grandes) desejosas de inserir-se no patamar classe mundial.

Por Paulo Renato Souza
O Professor Claudiney Fullmann surpreendeu-me ao solicitar-me que escrevesse o prefácio para o seu livro O Trabalho – Mais Resultado com Menos Esforço/Custo. Como o leitor e os estudantes observarão, trata-se de uma obra extremamente técnica, numa área em que meus conhecimentos são um pouco mais do que genéricos.
A qualidade deste trabalho e sua utilidade, em especial para os estudiosos da matéria, saltam aos olhos de qualquer pessoa que se detenha a examiná-lo como o fiz. Pensei que o melhor prefácio que poderia oferecer ao Professor Fullmann seria buscar uma reflexão num nível maior de abstração, que abordasse o tema do Trabalho e pudesse oferecer aos alunos uma visão de não-especialista nos temas tratados no livro e que os remetesse, de alguma forma, ao cotidiano do mundo em que vivemos.
Tinha a opção de abordar o tema da perspectiva das relações de trabalho e suas tendências ao longo da história do capitalismo. Afinal, essa é uma polêmica extremamente rica, que envolve não apenas aspectos filosóficos, como também os históricos vinculados à evolução do pensamento sobre a organização da produção e as grandes etapas de evolução da tecnologia. De certa forma, seria regressar no tempo, quando eu era um economista do trabalho, área de especialização
Decidi, contudo, analisar a relação entre educação e trabalho. Creio que essa é uma área em que existe pouca reflexão que procure entender quais as demandas da sociedade para o sistema de ensino, em especial no mundo de hoje. Além disso, é um campo onde se abrem imensas possibilidades para a atuação dos governos e da própria sociedade, para a ampliação do acesso à educação, com vistas a dar oportunidades de integração das pessoas nos processos produtivos de nossos dias.
A aceleração vertiginosa e sem precedentes no avanço da ciência e da tecnologia nos últimos três séculos mudou radicalmente a face do mundo. A mudança atinge todas as dimensões da vida humana, desde as mais elementares – como a sua duração e a possibilidade de interação entre os seres humanos numa escala até então inimaginável – até as mais complexas – como as formas e a velocidade da comunicação e o acesso a novos bens e serviços, que transformaram o próprio conceito de bem-estar.
No final do milênio passado, uma nova etapa começou a ser vivida na história da humanidade. Ainda é cedo para afirmar que se trata de uma inflexão na curva do progresso; talvez seja apenas uma nova aceleração do seu ritmo. Nos campos tecnológico, econômico e social, estamos começando a viver o mundo da terceira revolução industrial, cujas bases foram lançadas no último quartel do século 20 sobre dois eixos principais – a emergência da informática e o avanço espetacular das comunicações. Basta considerar a grande mudança que houve na tecnologia de produção industrial a partir da informatização para ver que o salto foi não só gigantesco, mas também qualitativo. À medida que este processo avançou, a biotecnologia e a engenharia genética se associaram às anteriores como áreas de intensos avanços científicos e tecnológicos, com profundos impactos também nos processos produtivos. Os satélites de comunicação tiveram papel importante nesse processo, e aqui se poderia acrescentar, como um fator de transformação radical do mundo, o desenvolvimento da tecnologia espacial.
Este processo ocorreu de forma concomitante à constituição de um mundo globalizado e interdependente, em escala sem precedentes na história universal.
As duas revoluções industriais anteriores, tal como acontece agora, constituíram momentos da história em que a maneira de produzir deu saltos gigantescos, com enorme impacto sobre o consumo, o emprego, o salário e especialmente sobre a produtividade do trabalho. O novo processo histórico que estamos vivendo, identificável a partir dos anos 1970, pela ruptura que se processou em relação às formas até então vigentes de organização da produção, é tão importante quanto a primeira revolução industrial e mais significativo, seguramente, que a segunda, no que concerne a seu impacto sobre as formas de organização da sociedade e também sobre o ordenamento da vida dos próprios indivíduos.
O debate sobre a relação de causalidade entre a evolução da ciência e da técnica, ao longo desses séculos, tem sido intenso e apaixonado. Em alguns momentos dessa evolução, a tecnologia parece ter desencadeado avanços que foram posteriormente consolidados pela ciência; em outros, o desenvolvimento tecnológico assentou-se sobre as descobertas científicas. O fato é que as evoluções da ciência e da técnica andaram de mãos dadas desde a metade do século 18 e de forma muito especial nestes últimos trinta anos, conduzindo, em nossos dias, à construção da chamada Sociedade do Conhecimento. O conhecimento, hoje, se torna obsoleto a cada cinco ou dez anos; da mesma forma, o padrão tecnológico da sociedade se renova em espaços de tempo semelhantes.
Nossos avós e mesmo nossos pais viveram um mundo muitíssimo mais estável nesses aspectos. Naquela época, o conjunto do conhecimento ou a forma de produzir e viver em sociedade permanecia mais ou menos estável, pelo menos no espaço de uma geração. Se olharmos mais para trás na história, encontramos períodos em que o conhecimento e a tecnologia permaneciam estagnados por muitas décadas ou séculos.
O processo de aceleração na evolução do conhecimento e da tecnologia tornou necessário um grande esforço para a sua sistematização e difusão a toda a sociedade por meio da universalização do acesso à educação.
Não por outra razão observamos, a partir do início do século 20, um enorme esforço em todos os países da Europa ocidental e dos Estados Unidos para garantir que todos os cidadãos tivessem acesso à educação básica. Esta demanda social levou à estruturação dos sistemas públicos de ensino nesses países, segundo padrões que se transformaram em modelos para o resto do mundo. Os níveis de ensino e escolas se organizavam para oferecer o serviço educacional durante uma etapa da vida das pessoas, geralmente referida às idades de sete a 24 anos de idade. Dado o lento processo de evolução do conhecimento e da tecnologia, as pessoas podiam viver em sociedade pelo resto de suas vidas com os conhecimentos adquiridos na sua juventude.
O cidadão capaz de produzir, consumir e participar da vida social não pode mais ser educado apenas durante uma etapa de sua vida – o acesso à educação permanente passou a ser a nova condição para o exercício da cidadania na Sociedade do Conhecimento, devendo ser estendido não apenas para os jovens que concluem o ensino básico na idade regular, mas para o conjunto da população, independentemente da escolaridade prévia das pessoas. Assim, para um adulto que não tenha concluído sua educação básica, o sistema de ensino deve criar as oportunidades para que essa etapa seja cumprida. Depois disso, certamente, esta mesma pessoa necessitará aperfeiçoar-se profissionalmente em cursos de curta ou longa duração, em horários e modalidades compatíveis com o trabalho que essa pessoa desenvolve.
Profissões mudam, e é preciso dar o salto tecnológico individual compatível; muda a estrutura do mercado de trabalho – indústrias deixam de existir num lugar e passam a existir em outro; complexos são destruídos para dar lugar a outros; setores inteiros desaparecem e abrem espaço para a rápida criação de novos setores e de novos empregos. Portanto, na dimensão do cidadão produtor do século 21, é preciso garantir um nível essencial de educação para todos, de forma que as pessoas possam deter o conhecimento básico necessário para se adaptarem tanto às mudanças na tecnologia da produção quanto às alterações na estrutura de mercado.
O desenvolvimento da capacidade de aprender e o cuidado da preparação do jovem para ser o cidadão deste novo mundo é a primeira das exigências que a Sociedade do Conhecimento impõe ao sistema educacional e deve ser a tarefa essencial do ensino básico, compreendendo a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. Nessa etapa o sistema educacional deve oferecer uma base geral sólida, tratando de estender essa escolaridade para que, de modo homogêneo, o maior número possível de cidadãos possa estar preparado para este novo mundo. Isso significa fixar como objetivos da educação básica alcançar a universalização do acesso e estruturar-se para ensinar a aprender, mais do que transmitir conhecimentos. Em outras palavras, desenvolver em todas as pessoas as habilidades e competências para aprender, raciocinar, criticar.
O ponto mais importante da transição entre a educação geral e a preparação para o trabalho situa-se no papel e estrutura do ensino médio. Até os anos 90 do século 20, o papel do ensino médio nos sistemas de ensino foi controvertido e marcado por uma indefinição de seus objetivos. Muitas vezes era visto como uma simples consolidação do que era visto no ensino fundamental, outras vezes como uma simples preparação para o ensino superior, e outras ainda como preparação para o mercado de trabalho. A tradição europeia fixou uma clara divisão entre o ensino médio profissionalizante, que preparava para o trabalho, e o propedêutico, que preparava para a continuidade de estudos. A divisão chegou a ser rígida, a ponto de levar a uma completa separação das alternativas para os seus egressos em termos de seguir para o mercado de trabalho ou tentar o ingresso num curso superior. Neste último caso estabeleciam-se, na verdade, dois caminhos, sem comunicação entre eles. Esse sistema era absolutamente funcional para a sociedade pré-terceira revolução industrial e em muito boa medida foi copiado integral ou parcialmente nos países em desenvolvimento.
No novo mundo é inconcebível um sistema de ensino que feche portas para a continuidade de estudos. Em outras palavras, todos os níveis de ensino devem conter elementos que permitam abrir portas para novos níveis e processos de aprendizagem. Esta característica deve ser particularmente importante na Sociedade do Conhecimento, em que o nível de ensino médio passa a ser a chave central que permite organizar e viabilizar todo o sistema de ensino pós-médio de qualquer natureza, seja ela de preparação direta para o trabalho, seja de preparação para a continuidade de estudos de nível superior ou acadêmico. Neste sentido, o ensino médio deve passar a integrar a educação obrigatória de nível básico, e as políticas públicas devem buscar a universalização do acesso.
Nesta nova perspectiva, o novo ensino médio, além de livrar-se da dicotomia entre preparação para o ensino superior ou para o trabalho, deve estruturar-se dentro dos princípios da interdisciplinaridade e contextualização do conhecimento, buscar a definição de conteúdos nacionais sem desprezar os locais, oferecer uma preparação geral para o mundo do trabalho e utilizar intensamente as novas tecnologias aplicadas à educação.
A segunda das exigências da Sociedade do Conhecimento para os sistemas de ensino é que sejam criadas oportunidades de educação permanente para todos no nível pós-médio. Todo um conjunto de cursos de diversos níveis de exigência e complexidade deve integrar o sistema de educação pós-médio, desde os cursos técnicos de nível médio, os cursos superiores de curta duração, os cursos regulares de bacharelado e licenciatura, os programas de mestrado e doutorado acadêmicos, até as pós-graduações profissionalizantes (MBAs, cursos de extensão e especialização). Como instrumentos de cada uma dessas modalidades, é importante incorporar a educação à distância e as novas tecnologias aplicadas à educação.
Há, portanto, dois conjuntos de requerimentos para qualquer pessoa ingressar no mercado de trabalho: de um lado a chamada preparação geral ou prontidão, de outro a preparação técnica específica para exercer determinada função. Em relação ao primeiro conjunto, não se apresentam grandes dificuldades para que os sistemas gerais de educação possam dar conta da preparação necessária para o trabalho. Em relação ao segundo, porém, as dificuldades são muito maiores. A preparação técnica é cada vez mais específica, e os equipamentos de trabalho, tanto na indústria quanto nos serviços, são cada vez mais sofisticados. Diferentemente do passado, em que o desenvolvimento de habilidades era o centro da preparação profissional, hoje a preparação envolve certos conhecimentos teóricos e familiaridade com equipamentos sofisticados. Daí a necessidade de escolaridade prévia ao curso profissionalizante e pesados investimentos em equipamentos de última geração nessa segunda etapa da formação. É por essas razões que a educação profissional hoje só pode ser realizada em instituições especializadas que possuam vínculos muito estreitos com o mercado de trabalho. Depois de muitas décadas em que a política educacional dos países em desenvolvimento consistia em replicar o que outros países haviam construído nos seus sistemas educativos, o mundo se viu repentinamente sem paradigmas. O modelo dos países mais avançados em si mesmo já não servia, pois havia sido desenhado para uma realidade que já não existia. Colocou-se a necessidade de conceber novas estruturas, regras e procedimentos para o setor educacional, e a educação passou a ser tema central nas preocupações dos organismos internacionais em seu impulso reformista, especialmente nos países em desenvolvimento. Podemos dizer que hoje já temos um conjunto de definições e de modelos educativos muito maiores do que nos anos 90, mas ainda há muito que avançar, especialmente na área do ensino pós-médio. O mundo agora passa a reconhecer a necessidade de aliar ensino de massas com qualidade na educação, provavelmente através de instituições que se diferenciam muito do que até agora conhecemos como Universidades. Novas instituições que oferecem um ensino massificado e padronizado, voltadas para o público adulto, passam a integrar os sistemas pós-médio, com eficiência e eficácia na preparação profissional.
Até recentemente, os cursos profissionalizantes de nível médio, pós-médio ou superior eram oferecidos em escolas presenciais com estruturas curriculares rígidas, vinculadas a carreiras bastante definidas e voltadas preferencialmente para atender ao público jovem. Isto tinha relação com a permanência do padrão tecnológico na sociedade por um período bastante longo, o que tornava possível, de um lado, estabelecer os requerimentos de cada profissão de maneira mais ou menos clara, e de outro, limitar o período de aprendizagem profissional a certo período da vida das pessoas. A mudança aqui é radical: de um lado, a atualização profissional deve ser permanente, dada a rapidez do processo de evolução tecnológica e, de outro, as carreiras profissionais são menos rígidas e claras, exigindo um grau muito grande de interdisciplinaridade e de flexibilidade na estrutura curricular dos cursos. É preciso promover a diversificação dos sistemas de educação profissional de nível pós-médio, tanto de nível técnico como superior. É preciso que haja ampla flexibilidade curricular e liberdade para sucessivas entradas e saídas dos jovens e dos adultos nos sistema de ensino assim como para as frequentes idas e vindas das pessoas entre o mundo do trabalho e o mundo da educação. Para tal flexibilidade, é imperativo oferecer aos estudantes a opção de, no interior do sistema pós-médio, mudar de carreira ou aprender novas técnicas dentro de uma mesma profissão, assim como o uso das novas tecnologias na educação pós-média. As modalidades de educação à distância certamente passam a ocupar um lugar destacado na viabilização das oportunidades de educação permanente, especialmente como forma de garantir o acesso à formação e à atualização profissional.
Assim como carece de sentido um sistema de ensino que se concentre em uma etapa da vida das pessoas, na Sociedade do Conhecimento nenhum nível educacional pode ser considerado terminal, por mais avançado que seja. A estrutura da educação pós-média deve ser diversificada, com a participação de vários tipos de instituições que garantam as oportunidades de educação permanente. O ensino superior, como o entendíamos até um tempo atrás, é apenas uma parte desse sistema, que deve ser mais amplo e diversificado.
Entretanto, nem todas as instituições devem ser Universidades na acepção do termo – com o clássico tripé de ensino, pesquisa e extensão – mas muitas delas podem ser boas instituições voltadas para a formação de profissionais de nível superior, aptas a atenderem à dinâmica do mercado e à necessidade de qualificação e re-qualificação de um número maior de pessoas. As Universidades propriamente ditas devem se constituir na espinha dorsal desse sistema, formando os quadros docentes para as demais instituições, desenvolvendo as pesquisas e gerando o conhecimento que deve fluir por todas as instituições do sistema.
Observamos hoje uma tendência no sentido de as próprias empresas dos mais diversos setores ampliarem e diversificarem os seus antigos cursos de treinamento desenvolvidos pelos departamentos de recursos humanos, chegando em muitos casos a chamá-los de “Universidades Corporativas”. Independentemente da questão semântica, não há dúvidas de que pela sua abrangência no mundo atual e mesmo pela qualidade de muitos desses programas desenvolvidos, inclusive em parceria com instituições educacionais de primeira linha, esse segmento deve também ser considerado hoje uma parte importante do sistema educacional.
No campo educacional, os países mais desenvolvidos do mundo chegam a essa nova etapa do desenvolvimento da sociedade com vantagens enormes sobre os demais. Há muito tempo a educação fundamental foi universalizada, a cobertura do ensino médio já alcança também quase os cem por cento, e as oportunidades de educação profissional são abundantes. A qualidade da educação nos padrões tradicionais é elevada.
Não obstante, ao final do século 20, os sistemas de ensino, mesmo os dos países desenvolvidos, não estavam – e muitos ainda não estão – preparados para enfrentar os desafios que a Sociedade do Conhecimento lhes impõe. De um modo geral, esses sistemas estavam concebidos para a educação da população de certa faixa etária. Em muitos países, os sistemas estão ainda hoje organizados em estruturas rígidas que não oferecem nenhum tipo de flexibilidade para permitir que jovens e adultos eduquem-se permanentemente.
Em alguns sistemas europeus, a rigidez era estabelecida ainda antes de concluída a educação básica. Aos 15 anos de idade, os jovens deveriam optar entre um secundário técnico ou acadêmico, e essa opção passava a ser determinante de suas futuras carreiras, não havendo a chance de reversão nessa escolha. Da mesma forma, as várias carreiras profissionais, quer no nível dos cursos técnicos quer no âmbito universitário, estavam estruturadas de forma a não possibilitar mudanças ao longo dos cursos. Eventuais mudanças implicavam recomeçar as carreiras desde o início.
É distinta, e muito mais difícil, a situação dos países mais atrasados ou em desenvolvimento, onde, em geral, além de fazer frente aos mesmos desafios que os desenvolvidos enfrentam, as deficiências do sistema educacional são ainda muito mais básicas e essenciais. Em geral, são baixos os índices de cobertura do ensino médio e relativamente escassas as oportunidades de educação profissional. A qualidade da educação deixa a desejar, tanto pela baixa qualificação dos professores quanto pela escassez de materiais didáticos adequados. A população escolar cresce ainda a taxas relativamente elevadas, apesar da redução já observada nas taxas de crescimento da população. Recuperar o tempo perdido e, ao mesmo tempo, fazer a reforma educacional exigida pela nova sociedade é tarefa gigantesca, que exige dos governos a definição de uma clara prioridade para a educação. É preciso fazer tudo ao mesmo tempo, com apenas uma paradoxal vantagem: pode ser mais fácil relativamente construir um novo sistema educacional do que reformar ou reconstruir estruturas solidamente estabelecidas de um modelo educacional que se tornou obsoleto.
O rápido desenvolvimento da técnica e dos equipamentos de um lado, e as necessidades de expandir e massificar a educação de outro, levaram muitos a identificar na aplicação das novas tecnologias aos métodos educativos a solução que imediatamente casaria a oferta com a demanda. Além disso, muitos veem também no uso da nova tecnologia na escola a solução dos problemas de qualidade, pois ela supriria as deficiências de formação dos professores. Criou-se uma espécie de moda falar nas bondades da educação à distância, usando os recursos da informática e do acesso às redes e na necessidade de introduzir os computadores nas escolas. Grandes somas de recursos públicos foram investidas e desperdiçadas em projetos mirabolantes de informática na educação.
Passada essa febre, hoje sabemos que há ainda carências importantes no desenvolvimento de materiais pedagógicos com as novas tecnologias, tanto para seu uso na escola, quanto para a educação à distância. Estamos apenas arranhando as primeiras possibilidades nessa matéria pela escassez de metodologias, materiais e conteúdos que maximizem o benefício dessas tecnologias na educação. Há alguns anos software educativo era sinônimo de livros transcritos para o computador. Hoje já temos programas muito mais sofisticados, mas estamos ainda longe de usar todas as potencialidades que as novas tecnologias oferecem como método pedagógico. Sua massificação é, porém, uma questão de tempo e de recursos, pois não se trata de soluções baratas. Quando esse tempo chegar, a oferta de serviços de educação terá a capacidade de ultrapassar facilmente as fronteiras nacionais com propostas que combinarão o prestígio da instituição, a qualidade do curso, a flexibilidade do ensino à distância e a massificação do processo de ensino.
É possível e provável que em alguns anos venhamos a ter novos paradigmas que nos sirvam de modelo para a organização dos sistemas de ensino pós-médio em todas as suas modalidades e possibilidades, incluindo o ensino à distância e as novas tecnologias. Tenho a convicção, contudo, de que haverá ainda muitos experimentos no mundo antes que um novo consenso se organize nessa área. O importante é que o espaço da política educacional está aberto para que essas inovações sejam testadas em todos os países para que o avanço seja mais rápido. O Prof. Fullmann, engenheiro, educador e executivo de vivência internacional, apresenta-nos um dos horizontes dessa jornada no campo produtivo, alinhado ao cenário educacional. Por estas razões recomendo esta obra, que contempla os conhecimentos técnicos e gerenciais, do nível médio ao de especialização, tanto para estudantes como para profissionais em permanente aprendizagem, com embasamento teórico e prático, do entendimento do “saber como” e do “saber por que”, além da expansão do “saber ser”.
São Paulo, 24 de outubro de 2008.

PREFÁCIO
PRÓLOGO
PARTE I – Agregar Valor
Introdução
CAPÍTULO 1 – O trabalho
1.1 Organização para o trabalho
1.2 Excelência no trabalho
1.3 Aplicação física do trabalho
CAPÍTULO 2 – Estratégias empresariais
2.1 Pensamento estratégico
2.2 Planejamento estratégico
2.3 Planejamento tático
2.4 Estratégia competitiva
2.5 Estratégia operacional
PARTE II – Produção Dinâmica
Introdução
CAPÍTULO 3 – Organizações lucrativas
3.1 Estratégias de crescimento
3.2 Produtividade
3.3 A manufatura classe mundial
CAPÍTULO 4 – DPS – Dynamic Production Strategy
4.1 O que é a DPS
4.2 Desafios da produção dinâmica
4.3 Roteiro DPS
4.4 Estudos de sucesso realizados com a DPS
4.5 Dicas da DPS
CAPÍTULO 5 – Gestão da Produção
5.1 Sistema de produção tradicional
5.2 Sistema de produção puxada
CAPÍTULO 6 – Planejamento da produção
6.1 Planejamento
6.2 Programação
6.3 Ativação
6.4 Controle
6.5 Produção
PARTE III – Engenharia Industrial
Introdução
CAPÍTULO 7 – Engenharia Industrial
7.1 Definições da Engenharia Industrial
7.2 A Engenharia Industrial na estrutura da empresa
7.3 Estrutura da Engenharia Industrial
7.4 Racionalização e simplificação
7.5 Técnicas do Estudo do Trabalho
7.6 Detalhamento do Estudo do Trabalho
CAPÍTULO 8 – Desenvolvimento de Processos
8.1 Análise do processo
8.2 Análise do fluxo
8.3 Cadeia de suprimentos
8.4 Fluxo sincronizado
8.5 Gerenciamento das restrições
8.6 Gerenciamento dos pulmões
CAPÍTULO 9 – Estudo de métodos
9.1 Análise do produto
9.2 Análise de execução
9.3 Análise de movimentos
9.4 Gráficos úteis
9.5 Observações instantâneas
9.6 Princípios de economia de movimentos
9.7 Exame crítico dos estudos
9.8 Formulários para estudo de métodos
CAPÍTULO 10 – Melhorias
10.1 Poka-yoke
10.2 Setup rápido
10.3 Kaizen
10.4 Jidoka
10.5 Andon
10.6 5S
10.7 TPM – Total Productive Maintenance
10.8 Sempre podemos melhorar
CAPÍTULO 11 – Medida do trabalho
11.1 Definição
11.2 Razões para a medida do trabalho
11.3 Técnicas de medida do trabalho
11.4 Execução do estudo de tempos
11.5 Cronometragem
11.6 Avaliações
11.7 Determinação dos tempos elementares e normais
11.8 Majorações
11.9 Tempos sintéticos e predeterminados
11.10 Tempos padrões e previstos
11.11 Determinação da tarefa
11.12 Tempos de interferência
11.13 OEE
RECOMENDAÇÕES
BIBLIOGRAFIA
ÍNDICE REMISSIVO