Motivação de A a Z
Claudiney Fullmann
No campo da motivação, após a metade do século passado, teóricos sociais marcaram seus conceitos, desde Abraham Maslow com a hierarquia das necessidades, até William Ouchi com a teoria Z, passando por Bloom, McGregor, McClelland, Handy, Adams, Johari, etc.
Destaco aqui Douglas McGregor, um psicólogo americano que propôs a famosa teoria X – Y em seu livro “O lado humano da empresa” em 1960. A teoria X – Y ainda é comumente referenciada para a liderança e, a despeito de ser questionada por sua rigidez, permanece válida como um princípio básico, da qual se desenvolvem técnicas e estilos positivos de gerenciamento para melhorar a cultura organizacional. Ela é um simples e salutar lembrete das regras naturais para liderar gente, facilmente esquecidas sob as pressões diárias da sociedade de consumo e dos negócios. McGregor sustenta que existem duas abordagens fundamentais para gerenciar pessoas. Muitos gerentes tendem para a teoria X, mais autoritária, e geralmente obtêm resultados pífios. Os mais iluminados usam a teoria Y, que produz melhor desempenho e resultados, além de permitir que as pessoas cresçam e se desenvolvam.
Pela teoria X, os gerentes têm visão orientada por tarefas, pressupõem que os empregados são inerentemente preguiçosos e que estes evitarão trabalhar sempre que puderem. Por esta razão eles precisam ser supervisionados de perto, e requer-se um sistema de controle abrangente. A tendência é de sempre culpar alguém e presumir que os empregados estão apenas interessados no dinheiro. Uma visão pessimista, que impede a satisfação e a produtividade do pessoal.
Pela teoria Y, os líderes assumem que os empregados podem ser ambiciosos, automotivados, ansiosos por aceitar maiores responsabilidades, por exercitar o autocontrole e a autonomia. Sob condições adequadas, a maioria das pessoas quer estar bem no trabalho e sorver da fonte da criatividade. Uma visão aberta e mais positiva sobre os empregados, um ponto de vista educativo e disposição para dedicar tempo para explicar, são posições mais orientadas para resultados, sem prejuízo da satisfação pessoal do empregado.
O trabalho de McGregor baseou-se na hierarquia das necessidades de Maslow, usando as da base da pirâmide para a teoria X e as do topo para a Y, sugerindo que os gerentes usassem quaisquer destas necessidades para motivar empregados, contestando os conceitos gerenciais ultrapassados da época, baseados nas necessidades de uma sociedade mais feudal. Suas idéias sobre um gerenciamento comportamental teve grande efeito no pensamento e na prática gerencial.
A teoria Z, que nada tem a ver com McGregor, mas se baseia nos 14 pontos de Deming, foi desenvolvida por William Ouchi em seu livro “Teoria Z: Como o Gerenciamento Americano Pode Satisfazer o Desafio Japonês”, de 1981. Ela se refere ao estilo japonês, que advoga a combinação de tudo que há de bom na teoria Y com as técnicas japonesas, as quais colocam uma grande porção de liberdade e confiança nos empregados, assumindo que eles têm grande lealdade, interesse no trabalho em equipe e na organização. Enquanto a teoria Z se baseia nas atitudes e responsabilidades dos trabalhadores, a teoria X-Y é principalmente focada na motivação sob a perspectiva dos líderes e da organização.
Como sempre, a virtude está no meio. Quando a maturidade da equipe é baixa, alguns tópicos da teoria X devem ser observados. Quando a equipe é dinâmica, autônoma, fervilhante, tudo da teoria Y é aplicável, com nuances da teoria Z. Um bom líder, disposto a rever seus estilos periodicamente, deve examinar seus pressupostos sobre a natureza e motivação das pessoas com quem trabalha.